segunda-feira, 23 de junho de 2008

Pirro

Segunda-feira, 23/06/2008 - Hoje no Paraná-Online
ET CETERA etcetera@oestadodoparana.com.br

Vitória de Pirro

ET CETERA [22/06/2008]



Por mais antiética que seja a nomeação, tudo indica que Roberto Requião conseguirá fazer do irmão Maurício conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). E sem maiores percalços políticos. Fortemente empenhado em garantir ao parente preferido um cargo público vitalício e muito bem remunerado, o governador meteu a mão na massa e manobrou pessoalmente as articulações para ter certeza que nada dará errado. E ele conseguirá. O caçula será alçado ao paraíso do serviço público. Esta será uma conquista maiúscula para Maurício, mas, ao mesmo tempo, representará uma derrota acachapante para o Roberto. É previsível. O desgaste gerado pela nomeação será incomensurável e receberá a repulsa popular. O povo detesta esse tipo de imoralidade.

Título

A expressão que dá nome à coluna de hoje é utilizada para expressar uma vitória obtida a alto preço, e que, em regra, acarreta prejuízos irreparáveis. O termo tem origem em Pirro, general grego que, tendo vencido a Batalha de Ásculo contra os romanos com um número considerável de baixas, ao receber os parabéns pela vitória tirada a ferros, teria dito, preocupado: “Mais uma vitória como esta e estou perdido”. Requião, certamente, estará.

Só aparência

Ao contrário do que pode parecer, não é fácil para o governador abrir mão de seu próprio prestígio para beneficiar o irmão. A credibilidade de Roberto, que já patina, vai afundar de vez.

Bom parente

Se há um mérito na manobra pró-Maurício é a prova viva de que Requião não teme sacrificar o próprio pescoço em nome da família.

A irmandade está acima de tudo, inclusive do interesse público. O ônus a ser assumido pelo chefe do executivo é de tal monta que as candidaturas apoiadas por ele em outubro, como a sua própria ao Senado em 2010, devem sofrer um revés letal. O que já estava ruim, tende a piorar.

Belezura!

O cargo de conselheiro é atrativo para qualquer mortal, mas sobretudo para o ainda secretário de Educação. Sem a proteção do irmão-governador, ele pode naufragar (e se complicar), sobretudo devido às investigações administrativas e criminais a que responde no próprio TCE e no Ministério Público. De quebra, vale frisar que a posição de membro da Corte de Contas é “imexível” e remunera com um salário mensal superior a R$ 20 mil, o teto do funcionalismo.

Permanência

Como tem 54 anos, Maurício Requião permanecerá no Conselho do Tribunal por mais de 15 anos. A aposentadoria compulsória acontece somente aos 70. O presentão do Roberto é, indiscutivelmente, de quem ama de forma incondicional.

O caçula dos Mello e Silva deve ser grato ao mano protetor para o resto da vida.

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