sexta-feira, 20 de junho de 2008

Laranja azeda I

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Blog do Zé Beto

Moderno e cavernoso
20 Jun 2008 - 14:43
O Tribunal de Contas do Estado do Paraná é o mais moderno do país, por conta do seu excepcional corpo técnico e informatização. Ao mesmo tempo, o plenário que abriga os sete conselheiros é capaz de cometer barbaridades cavernosas como a resposta dada ontem a uma consulta feita pela Secretaria da Educação a respeito da nebulosa compra dos famosos 22 mil televisores cor de laranja que custaram quase R$ 20 milhões aos cofres públicos. O TC nunca responde a consulta de fato concreto, ou seja, de coisa que já aconteceu, como neste caso. Respondeu agora por que? Se alguém disser que o jogo político do Centro Cívico não atravessa aquela ponte sobre o espelho d’água e adentra os principais gabinetes, é cego, surdo e mudo. Quatro conselheiros são ex-deputados estaduais: o presidente Nestor Baptista, o próprio relator, Artagão de Mattos Leão, Heinz Herwig e Hermas Brandão. Os quatro votaram para que a resposta contida no relatório de Mattos Leão fosse dada. Coincidência, não? Votaram contra o conselheiro Fernando Augusto Guimarães e os auditores Sergio Ricardo e Ivens Linhares. Baptista votou porque o presidente desempata a questão. Como se sabe, há menos de um mês houve um bafafá dos diabos porque o parecer do relator vazou antes da reunião e caiu no colo no jornalista Celso Nascimeto, da Gazeta do Povo. Foi publicado na íntegra aqui enquanto Mattos Leão, fulo da vida, negava a autoria e o Nestor Baptista dizia que era um rascunho. Uma lambança dos diabos. Uma cópia deste relatório circulou na Assembléia Legislativa nos gabinetes coroados, assim, como se fosse um recado a quem martela contra a milionária aquisição dos televisores: “olhaí, o Tribunal de Contas disse que está tudo ok”. Maurício Requião, o secretário da Educação que, misteriosamente, pediu o parecer do TC quando os televisores, segundo afirma o governo, já estão distribuídos e funcionando, um ano depois da aquisição junto à Cequipel, por acaso a maior financiadora da campanha do governador Roberto Requião e fabricante de móveis para escritório, bem, Maurício Requião é candidatíssimo a uma vaga aonde? No Tribunal de Contas, onde Henrique Naibeboren se aposentou. E quem elege o novo conselheiro? A Asssembléia Legislativa do Paraná. Juntando lé com cré temos uma teia de interesses que, expostas pelo vazamento do parecer antigo, produziu uma peça mirabolante, embalada pelos votos já citados. Ontem, ao cair da tarde, o plenário aprovou uma resposta afirmando que o pregão eletrônico utilizado para a aquisição da vultosa quantidade de televisores laranja, era a forma correta para tal. Não é uma beleza? Nem isso o TC deveria responder, mas respondeu porque… bem, vai ver que é por causa da vizinhança, que agora tem aquele papelucho que sempre apontam com orgulho informando que o negócio foi referendado pelo Tribunal de Contas.

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