quarta-feira, 11 de junho de 2008

Não somos os únicos

Paraná-Online

O ídolo virou vilão

ET CETERA [07/06/2008]



A semana termina com o advogado Francisco Alpendre, demitido do cargo de diretor-jurídico da Paranaprevidência, como o principal personagem da política estadual. O jurista, que até poucos meses atrás era uma figura desconhecida do grande público, mas que virou “pop star” nas reuniões da “escolinha” após ter sido alçado por Requião à condição de homem de absoluta confiança devido à sua atuação no incidente das aposentadorias do Ministério Público, transformou-se de aliado a inimigo número um do poder. O que mudou? Simples. O “pecado” cometido por Alpendre foi o mesmo de tantos outros ex-companheiros: ele denunciou ilegalidades e falcatruas cometidas pelo executivo. No “jeito requianista de governar”, quem ousa ser transparente ganha como punição o olho da rua. Requião age exatamente como o chefe de uma organização que não permite a transparência. Aquela imagem de austero de outrora, há muito, se quebrou.

Autoria

Só um míope não percebe que o Roberto, sempre que se vê envolvido em algum escândalo, adota a mesma estratégia: demite o denunciante, não apura nada e ainda poupa (e elogia) os suspeitos. De partícipe a co-autor é um pulo.
Igualzinho

No mundo político, muitos comparam o atual desabafo de Alpendre à carta escrita pelo ex-procurador-geral do Estado Sérgio Botto de Lacerda quando este deixou o governo. Em ambos os casos, a resposta foi na jugular. No caso recente, o ex-amigo do governador pisou fundo, sobretudo quando afirmou, com todas as letras, que “Requião é especialista em usar as armas que tem. Quando o assunto não é de seu interesse vai para debaixo do tapete”.

Abacaxi

O novo presidente da Paranaprevidência, o desembargador aposentado Munir Karan, assumiu uma missão complexa e difícil de descascar. Embora evite comentar o tamanho do rombo, estima-se que o valor ronde os R$ 3,4 bilhões, fruto principalmente da falta de contribuição da Fazenda. A situação dramática das contas, logo ali adiante, gerará um conflito pesado entre ele e Requião. É só esperar.

Conduta

Homem de postura inatacável, Karan não aceitará a submissão e, se encontrar qualquer irregularidade, ou não forem cumpridas as obrigações financeiras do Estado, ele, tal qual fez Alpendre, denunciará a questão. O ex-magistrado não é homem de aceitar vassalagens.

Enquanto isso...

Vale ressaltar que a demissão do denunciante não ameniza o problema. Ao contrário. A notícia do furo e do não repasse de dinheiro do erário, por si só, fará com que o Ministério Público investigue a fundo o ocorrido, que, segundo a lei, é crime. A Assembléia Legislativa, se cumprir o seu papel constitucional, também vai apurar o caso. É isso que a sociedade espera.

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