quarta-feira, 11 de junho de 2008

Vergonha

Paraná-Online

O teatro de Requião

ET CETERA [11/06/2008]



Antônio Fagundes teria inveja. Francisco Cuoco idem. Na arte de encenar, poucos políticos são tão talentosos quanto o governador do Paraná. Seja no palco para uma platéia de assessores e áulicos, seja em frente às câmeras, ele incorpora um personagem irreal com a mesma desenvoltura de quem acostumou-se a interpretar. Ontem, quem acompanhou a reunião da “escolinha”, viu um Roberto Requião assim. Acuado com as denúncias que envolvem a Paranaprevidência, ele decidiu partir para o ataque e apresentou a sua versão sobre a aplicação de mais de R$ 50 milhões de dinheiro público no banco Pactual, uma instituição privada e inexpressiva. Ele insinuou que a culpa pelo procedimento não é do diretor financeiro Mario Lobo Filho, que foi quem fez movimentou os recursos, mas sim de quem denunciou o esquema, ou seja, o diretor jurídico Francisco Alpendre, exonerado do cargo. Na comédia requianista, os espertos são eles. Os bobos somos nós.

Verborragia

Sua excelência não poupou a voz, nem a impostação, nem os adjetivos para se auto-elogiar como o comandante de um governo sério, seríssimo. Por seu discurso, foi aplaudido entusiasmadamente pelo auditório lotado de funcionários que são empregados no Estado com cargos de confiança.

Discurso da perda

Na mesma reunião do secretariado, Requião apressou-se em apresentar o que seria uma “vacina” da, ao que tudo indica, perda da fábrica de pneus da Yokohama. Irritado com o que seria um novo capítulo da guerra fiscal entre os estados para atrair investimentos, ele criticou Bahia e Pernambuco por supostamente terem oferecido benefícios para que a empresa desistisse de se instalar no Paraná e fosse para um dos entes da Federação. Para ele, trata-se de uma “dilapidação do patrimônio público”.

Pancadas e afins

Roberto, irritadiço, anunciou que o governo vai entrar com uma “ação declaratória” no Judiciário, uma vez que “políticos irresponsavelmente usam a instalação de uma fábrica importante para gozar do efeito eleitoral, quando na verdade presenteiam a indústria. A Procuradoria do Paraná vai a juízo para mostrar que não somos um mercado de brincadeira”. Pelo tom do desabafo, o negócio já era.

Esquerdistas

Para lembrar: a Bahia é governada por Jaques Wagner, do PT. Já o governador de Pernambuco é Eduardo Campos, do PSB.

O prejuízo

Por não aceitar as regras do jogo e lutar pelos interesses do cidadão, a postura do Palácio Iguaçu deve desencadear a não-instalação da Yokohama no Estado. A fábrica promete investir US$ 65 milhões no Brasil e gerar, pelo menos, 500 empregos diretos. O grupo japonês é o sétimo maior fabricante de pneus do mundo, com seis fábricas no Japão, três nos Estados Unidos, uma nas Filipinas, uma no Vietnã, uma na Tailândia e uma na China.

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