sexta-feira, 27 de junho de 2008

Enquanto isso...

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O favorito do rei

ET CETERA [27/06/2008]



Roberto Requião tem quatro irmãos: o Eduardo, o Wallace, a Lúcia e o Maurício. Este último, sabidamente, é o preferido de sua excelência. O governador sempre teve preocupação especial com o caçula, sobretudo pelo fato de, entre todos os parentes diretos, ser ele o de menor capacidade de se virar sozinho. É o mais frágil (e fraco). Por causa disso, e devido à proximidade do fim da era requianista, restou ao chefe do Executivo paranaense forçar junto aos deputados a nomeação do mano ao conselho do Tribunal de Contas do Estado, um cargo de primeira grandeza no poder público, vitalício e de alto salário. Um presentão. Entretanto, para ocupar tal função, a lei exige atributos e virtudes que o Maurício não possui. Mas o Roberto não está nem aí. A qualidade que o “postulante” carrega é ser irmão do rei. No império do Cangüiri, isto basta.

Quesitos

A Constituição do Estado em seu artigo 77, parágrafo 1.º, diz que os conselheiros do tribunal “serão nomeados dentre brasileiros que satisfaçam os seguintes requisitos: mais de 35 e menos de 65 anos de idade; idoneidade moral e reputação ilibada; notórios conhecimentos jurídicos, econômicos, financeiros, contábeis ou de administração pública; mais de dez anos de exercício de função ou de efetiva atividade profissional que exija os conhecimentos mencionados nos incisos anteriores”. Exceto a idade, o hoje secretário da Educação não preenche nenhuma das demais condições impostas pela Carta paranaense.

Drible

O texto exige “idoneidade moral” e “reputação ilibada” para a função, ou seja, uma conduta “reta”, “pura”, “sem manchas”. Não dá, a começar pelo incidente mal explicado da compra das TVs alaranjadas. Ainda assim, a Assembléia Legislativa, através de uma maioria subserviente e que anda a reboque das vontades do Executivo, vai fingir que não é sua responsabilidade zelar pelos interesses do Estado e referendará a indicação do governador.

Aliás...

Entre o prejuízo ao Paraná e a garantia de um futuro financeiramente estável ao irmão, Requião não titubeou em escolher a segunda opção. Uma vergonha. Trata-se de uma política menor, rasteira. Indicar o parente é, no mínimo, uma afronta à ética e à moralidade. O preço a ser pago por ele, a curtíssimo prazo, custará caro demais.

Dúvida

Será que Maurício está consciente do tamanho do prêmio que recebeu do irmão? Será que ele saberá ser eternamente grato ao Roberto pelo gesto?

Reflexão

Não custa lembrar que, em breve, o hoje governador poderá cair no ostracismo. Para isso, basta que não consiga vencer a eleição para o Senado em 2010. Por outro lado, o caçula dos Mello e Silva estará na vitrine. Firme. Gratidão é uma virtude de poucos. Virar as costas é sempre a hipótese mais provável.

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