quinta-feira, 19 de junho de 2008

Triste ironia: é difícil viver com salário de professor?

Gazeta do Povo

Vida Pública Quinta-feira, 19/06/2008
Conselheiro
Assembléia reacende disputa por cargo no TC

Publicado em 19/06/2008 | Caio Castro Lima

Com o anúncio da aposentadoria de Henrique Naigeboren do cargo de conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TC), a disputa pela vaga voltou a ser discutida na Assembléia Legislativa. O deputado estadual Durval Amaral (DEM) disse ontem que ainda é candidato à função, mas quer aguardar os próximos acontecimentos para ver se mantém a posição. Já o deputado Caíto Quintana (PMDB) desistiu da briga. Toda essa movimentação se dá por causa da candidatura do secretário estadual de Educação, Maurício Requião (PMDB), irmão do governador Roberto Requião (PMDB).

Segundo o líder do governo, Luiz Cláudio Romanelli (PMDB), se a eleição para o cargo de conselheiro fosse hoje, Maurício teria a maioria dos votos. São os 54 deputados estaduais que votam e indicam o novo membro do TC. Ainda de acordo com Romanelli, o pleito que decidirá o nome do indicado deve ocorrer ainda neste semestre, antes do recesso parlamentar, que começa no dia 15 de julho.

Amaral afirmou que ainda está “lutando como um leão” nos bastidores, para convencer os colegas a votarem nele. Mas para alguns políticos que apóiam Amaral, o jogo contra a família Requião é “bruto e pesado”.

Os deputados contam que o governador tem chamado cada parlamentar para conversas reservadas e tenta convencê-los a votar no irmão. Com o fim do mandato requianista, Maurício voltaria, teoricamente, a ser professor da Universidade Federal do Paraná, com um salário, segundo os deputados, de R$ 1,8 mil mensais. Atualmente ele recebe cerca de R$ 11,5 mil como secretário de estado.

“Mas se o Maurício é o melhor secretário do Brasil, não precisaria da ajuda do irmão para deixá-lo bem empregado”, afirmou um deputado, que pediu para não ser identificado temendo reações negativas por parte do governo. O salário de um conselheiro do TC gira em torno de R$ 21 mil e é vitalício.

Lei orgânica

Os parlamentares contrários à indicação do secretário para o tribunal defendem ainda a tese de que ele ficaria impedido, pela lei orgânica do TC, de analisar contas de municípios onde o irmão teve 1% dos votos e das secretarias da gestão requianista. Para o procurador do Ministério Público Gabriel Guy Leger, que também é candidato a vaga de conselheiro, a história não é bem assim. “O impedimento do Maurício Requião seria somente quanto às contas do governo do estado e de repasses feitos pelo Executivo estadual para municípios através da Secretaria de Estado da Educação.”

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