quinta-feira, 3 de abril de 2008

Saiu na Gazeta do Povo

Colunistas Quinta-feira, 03/04/2008
Celso Nascimento Pula-catraca na campanha

Ontem pela manhã Curitiba viveu uma pálida lembrança dos tumultuados dias de 1968: estudantes entraram em confronto com a polícia. O que deveria ser uma simples e pacífica manifestação em favor do passe-livre no transporte coletivo, acabou em pancadaria entre uma centena de jovens e um grupo de guardas municipais. Os primeiros, porque, ao invés de ficar no discurso, decidiram pular-catraca e quebrar uma estação-tubo; os segundos, porque agiram no sentido de cumprir sua missão de preservar o patrimônio público.

Nessas condições, nada mais normal que houvesse o choque. O anormal – ou condenável – é que o acontecimento ter entrado imediatamente para a campanha eleitoral pela disputa da prefeitura de Curitiba. Os estudantes feridos pela repressão policiais tornaram-se mártires do prefeito Beto Richa, candidato à reeleição. PT e PMDB condenaram a violência, num oportuno esforço para transformá-la em objeto de exploração política ao longo da campanha que se inicia.

Mais anormal ainda – ou ainda mais condenável – é a evidência de que o governo do estado tenha premeditadamente contribuído para o resultado. É o que se depreende da surpreendente decisão da direção do Colégio Estadual do Paraná de incentivar seus alunos à participação na manifestação, prometendo-lhe abonar as faltas e dar-lhe o direito de marcar novas datas para realizar provas ou entregar trabalhos.

Interessante é a contradição: no ano passado, os alunos do mesmo Colégio, a pedido da diretora, foram reprimidos pela Polícia Militar quando protestavam contra a direção da escola.

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