quinta-feira, 24 de abril de 2008

Não há outro caminho

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Educar e politizar para a cidadania
Opinião [20/04/2008]



Pedro A. Bernardi

O ser humano politizado cuida melhor de si, da saúde, dos outros e da natureza.
As transformações sociais e políticas de repercussão, no Brasil e no exterior, quase sempre tiveram a participação decisiva da juventude. Qualquer processo de mudança dificilmente iniciará sem a união da população, sobretudo dos jovens. Sem a força jovem, a possibilidade de a nação melhorar progressivamente é incerta, remota e incompleta.

Educar e politizar são duas esferas muito próximas. Ensinar a não roubar num país infestado de corruptos; lavar as mãos antes das refeições e outros hábitos de asseio, num país enfermo; conhecer as potencialidades e limitações do corpo de acordo com a idade, aprender a estudar e trabalhar em equipe, respeitar as normas de trânsito, ajudar um portador de deficiência atravessar a rua, tudo isso é educação, politização e inter-relacionamento humano. O Brasil necessita, urgentemente, politizar o jovem para a cidadania.

Nesse particular, não são só as instituições de ensino fundamental, médio e superior que estão derrotadas, porque não correspondem mais às exigências de preparação moral e cívica das crianças e jovens.

A família, a Igreja, o Estado, os sindicatos, as associações, o Ministério da Educação têm sua parcela substancial de culpa nesse atraso e limitações. Nenhuma pessoa sensata é contra o diploma, o que se interroga é a excessiva valorização deste documento que, de acordo com críticas dos próprios dirigentes educacionais, incluindo o Ministério da Educação, confere formação incompleta.

Poucos se deram conta de que higiene e limpeza no fundo do quintal é sinônimo de saúde, qualidade de vida e bem-estar.

É, por exemplo, esta linguagem que deve ser levada para dentro das escolas, no campo, nas favelas, nas Igrejas, nas famílias. Por isso, cada segmento pode, espontânea e gratuitamente, materializar um plano prático de educação, saúde e civismo.

Os dois Brasis não são o Norte (Norte, Nordeste e Centro-Oeste) e o Sul (Sul e Sudeste).

De acordo com o espaço ocupado na mídia, um Brasil é formado pelos exploradores, Estado esbanjador e ineficiente, retóricos, corruptos, improdutivos, caros e estereotipados -, e o outro é constituído pelos explorados, trabalhadores e empreendedores cada vez mais especializados, que empregam todas as suas forças e patriotismo para traçar perspectivas e novos horizontes, mas, infelizmente, é um contingente desunido e pouco politizado.

Politização, ética e educação cívica são componentes essenciais para viver com dignidade. Quanto mais o País investir neste tripé, mais rapidamente sepultará a corrupção e a concentração de poder e riquezas nas mãos de poucos. Em seu lugar, despontará um amanhã promissor para a coletividade.

O povo passará a ter consciência das responsabilidades com a nação e a moralização pública. Aí, sim, estará apto a eleger parlamentares e governantes competentes e probos.

Ainda, se queremos um Brasil unido e próspero, precisamos: 1.º - arrancar do solo a árvore daninha da corrupção e reduzir drasticamente o número de senadores, deputados federais e estaduais, vereadores e burocratas; 2.º - ensejar a cultura do diálogo e do entretenimento entre as pessoas, o que evitará a sobrecarga de julgamentos nos tribunais de justiça; 3.º - reduzir em, no máximo, vinte vezes o valor das aposentadorias e salários pagos aos trabalhadores, políticos e funcionalismo público. Na maior parte da Europa, é de nove vezes; 4.º -pautar horários e espaços nos meios de comunicação social para a cultura do respeito pessoal, familiar e social; 5.º -oferecer mais oportunidade às crianças e jovens para estudarem e se divertirem, a custo zero, sobretudo para famílias carentes.

Pedro Antônio Bernardi é jornalista, economista e professor, assessor e consultor de comunicação, autor do livro Palavra Amiga.

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