quinta-feira, 31 de julho de 2008

Histórias da "família"

O grande irmão

De Mussa José Assis, hoje,31/07/2008, no Documento Reservado

Não é culpa de Roberto. Maurício é “pidão” de nascença. Coração grande, Roberto não resiste ao choro do irmão caçula. Afinal, era ele que levava, todas as manhãs, o pequerrucho ao grupo escolar, cinco ou seis quadras do casarão da família, na Vicente Machado. Às vezes, pela orelha, quando o piá fazia birra. Roberto contou isso numa das escolinhas de terça-feira. Da mesma forma que Maurício revelou que era o atalaia quando aconteciam reuniões subversivas, nos anos de chumbo, entre o irmão primogênito e inimigos do Regime Militar. Subia numa árvore do quintal da casa da família e de lá espiava o movimento na redondeza.

Quando Roberto era prefeito de Curitiba, Maurício bateu os pés e acabou nomeado para uma das diretorias da Prefeitura. Não durou muito. Afinal, não tinha experiência, não sabia lidar com a papelada. Ainda bem que, na época, havia um conselheiro do Tribunal de Contas de nome Antônio Ruppel. O bom bocaiuvense segurou as pontas do rapaz. Depois, quis ser deputado federal e o irmãozão garantiu-lhe os votos necessários. Apenas um mandato, um sofrível mandato sem projetos nem discursos no pinga-fogo e atuação nula nas comissões permanentes. Não conseguiu se reeleger, mas choramingou até ser indicado candidato a prefeito de Curitiba.

Roberto tinha o PMDB nas mãos (sempre teve!) e a convenção foi uma barbada. Só que apareceu na parada outro irmão, o Eduardo, que também se lançou candidato a prefeito pelo PDT. Parece ficção, mas os dois irmãos de Roberto tentaram, na mesma eleição, serem prefeito de Curitiba. Na época, Eduardo estava rompido com a família. A reconciliação só aconteceu quando Roberto o nomeou para a Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (Appa). Os dois deram com os burros n’água e Maurício voltou aos holofotes quando virou secretário da Educação. Antes tinha sido superintendente da Fundepar (Fundação Educacional do Paraná), época das almôndegas. Comprou as 22 mil televisões alaranjadas e quis ser conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Claro que o irmão maior atendeu o caçula, falou com os deputados, convenceu o colégio eleitoral de 54 votos. Arrancou 43 para Maurício e não fez sobrar um voto sequer para qualquer dos seis outros candidatos ao cargo. Na realidade, Roberto não nomeou Maurício para o TCE. Quem fez isso foi a esmagadora maioria dos deputados da nossa Assembléia Legislativa. A nomeação está emperrada na Justiça e a tendência é que Maurício permaneça um bom tempo sub judice. Mas ele não pode se queixar do irmão mais velho. Teve na vida tudo o que pediu.

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