quarta-feira, 7 de maio de 2008

Que mensagens os últimos acontecimentos passam para os nossos jovens e crianças?

O dia amanheceu frio e por mais que tentasse me aquecer não conseguia. Percebi então que o frio maior estava na minha alma. Comecei a me lembrar dos últimos acontecimentos no Colégio Estadual do Paraná, da mobilização ocorrida em novembro/2007, dos motivos que nos fizeram iniciar aquela luta em defesa de uma educação pública de qualidade e das conseqüências do nosso "atrevimento": processos, afastamento de professores competentes e comprometidos com o projeto político pedagógico emancipador, tentativa de criminalizar a nossa atitude, deturpação dos motivos que nos levaram a elevar a nossa voz contra os desmandos ali introduzidos em nome de uma educação "progressista". Ao analisar os desdobramentos a partir dali, os momentos de tristeza e decepção pelos quais temos passado, as notícias sobre a "política" no nosso país e principalmente no nosso estado,a possibilidade de um acordo branco para reaproximar o Requião e o Beto Richa, o noticiário sobre o caso Isabella, a absolvição do mandante da morte da missionária Dorothy Stang, o foro privilegiado dos parlamentares envolvidos em todos os tipos de corrupção, lembro-me de uma pergunta de um aluno do CEP, quando soube que eu estava sendo processada como a líder do movimento: "Professora Malu, na nossa sociedade, vale a pena ser honesto?"
Respondi a ele, com veemência, que sim, mas, ao observar o que a impunidade de alguns e a omissão ou o medo de outros têm gerado, devo confessar que tenho medo de fracassarmos em relação àqueles que confiam em nós e ainda acreditam e torcem para que possamos reverter este "jogo" perverso. Apesar do frio na alma, ainda tenho esperança. Perdê-la seria admitir que se tornaram obsoletos e equivocados os valores que tenho defendido durante toda a minha vida, seria admitir que a vida em plenitude não tem sentido!

Um comentário:

Anônimo disse...

Segunda-feira conversei com um funcionário do colégio. Perguntei como estavam as coisas, se ele achava que estavam melhores que o final do ano passado, piores ou na mesma, e ele me disse que um dia tudo explode, e eu disse, ué, mas não foi o ano passado que tudo explodiu? E ele me respondeu.
_ Acredito que este ano as coisas estão mais calmas, mas acho que é porque as pessoas ficaram com medo ou porque mesmo tudo o que foi feito, e olha que foi tentado de tudo, e mesmo assim nossos líderes não viram a besterira que fizeram...então acredito que as pessoas estão deixando as coisas acontecerem, porque viram que não tem jeito. Mas eu acho que uma hora as coisas aparecem.
Neste momento eu me despedi dele e mais uma vez eu também senti o frio na alma, por me lembrar de tantas pessoas injustamente marginalizadas e punidas com remanejamentos, processos ou coisa do gênero.
É...o frio na alma, como foi chamado no texto, acredito que é a dor da injustiça, e que, infelizmente, só é sentida pelos próximos, por quem sofreu a injustiça, e por aquelas pessoas (que são poucas)que ainda se colocam no lugar do outro.
Minha amiga, sinto sua falta e me dói saber que uma pessoa tão preocupada com o que faz, como é você, tenha o desprazer de lidar com crápulas, como são estas pessoas, que deveriam lavar a boca pra falar de você.
Lu.