quinta-feira, 15 de maio de 2008

Professor Gildásio, um baiano porreta

(Texto escrito a pedido da equipe de comunicação do Grêmio do CEP para o Jornal Folha Atitude)


Gildásio de Oliveira, ou simplesmente Gil, como era carinhosamente conhecido e chamado pela maioria, foi sempre um apaixonado: pela vida, pela poesia, pela educação.
Com seu humor refinado e sua incrível perspicácia, lia a realidade com uma sensibilidade singular. Somente quem teve o privilégio de desfrutar da sua convivência conheceu o vigor da sua risada, da sua energia, da sua ação inclusiva, a sua preocupação com a função social da escola pública, sua grande habilidade como mediador e facilitador de uma aprendizagem consistente e significativa, capaz de proporcionar uma leitura crítica de mundo.
Certo dia, perguntei-lhe por que ele trabalhava tanto: durante todo o dia na editora Positivo e à noite no Colégio Estadual do Paraná. Ele me respondeu que afastar-se da sala de aula seria o mesmo que afastar-se da essência da vida.
Não consigo pensar na essência da vida, no belo, sem pensar em flores. É assim que quero me lembrar sempre deste amigo querido: como um zeloso jardineiro que sempre ensinou seus alunos, principalmente aqueles considerados mais difíceis, a acreditar que a nossa vida pode e deve ser transformada em um jardim, onde cultivamos flores de todos os aromas e espécies, de onde precisamos arrancar, e impedir que retornem, todas as ervas daninhas, capazes de impedir a aproximação de pássaros e borboletas.
Infelizmente, o nosso amigo se foi muito precocemente. Parodiando Caetano Veloso, na música Irene, imagino São Pedro, ao se preparar para abrir a porta do céu, dizer para o Anjo, seu assistente: “Quero ver Gildásio dar sua risada!”
Professora Malu

2 comentários:

orquidea disse...

Bonito texto Malu.

Anônimo disse...

Hoje, procurando por um grande amigo, mentor, professor, pai...encontrei esta notícia. Tive o privilégio de ser aluno deste ser iluminado no começo dos anos 2000. Perdi o contato há alguns anos e gostaria que ele soubesse que o que ele me ensinou foi de extrema riqueza pessoal. Sou de família humilde, sempre estudei em colégios públicos e graças ao Prof. Gil hoje tenho duas formações na UFPR, pós graduação no exterior e sempre, sempre me lembro do Gil. Uma pessoa que acreditava em todo e qualquer jovem sem preconceitos, sem estereótipos e sem barreiras. Saí do Colégio Loureiro Fernandes com o apoio dele alcancei a vitória no primeiro vestibular com 18 anos, 3° lugar em Economia. Não sei se alguém vai ler este texto, mas, só gostaria de agradecer a esta estrela que hoje está no céu. Gostaria de tê-lo reencontrado antes da partira para poder lhe agradecer com as mesmas lágrimas que agora derramo sozinho escrevendo estas linhas.