sábado, 24 de novembro de 2007

Reportagem, "O estado do Paraná".

Reportagem, "O estado do Paraná".

Retirado do Jornal "O Estado do Paraná" do dia 24/11/2007.

ET CETERA [24/11/2007]

A semana termina hoje exatamente como começou para o titular da pasta da Educação: em crise. Maurício Requião, embora se julgue um político experiente e um grande negociador, está tomando um baile dos estudantes secundaristas do Colégio Estadual do Paraná (CEP). Beira o surreal! O irmão do governador, por incrível que pareça, ainda não conseguiu conter o motim adolescente engendrado pelos alunos da escola. A meninada, que há duas semanas força a deposição da atual diretora, Maria Madselva, também luta pela realização de eleições diretas para a função. A turminha do uniforme azul e branco está fazendo o “melhor secretário do País” sambar.

Alunos em vantagem

Por se tratar de um movimento estudantil que clama por democracia, a opinião pública nutre total simpatia pela causa. Aliás, é absurdo o fato de o Colégio Estadual ser o único do Paraná a não realizar a escolha da diretoria por pleito universal.

Entenda o porquê

Além da questão política, o que explica a relutância do governo em alterar as regras para a nomeação do diretor da escola é o fato de existirem 20 cargos em comissão dentro da instituição de ensino. Hoje, a Secretaria da Educação tem liberdade para indicar quem quiser.

Na parede

Ao perceberem que a administração está fragilizada por não conseguir resolver o impasse, os alunos saíram às ruas ontem para pedir a cabeça da diretora da escola. Aos gritos de “Fora Madselva!”, eles protestaram em frente à Assembléia Legislativa e, com ironia, ainda deram o recado ao ocupante do “Centro Administrativo Luiz Caron”.

As versões

Na guerra de versões dos dois lados, quem perde feio é o governo. Como Roberto Requião mantém uma postura autoritária e antidemocrática, sua indicada, Maria Madselva, padece da mesma imagem. Acusada de perseguir professores, ela hoje permanece no cargo por mera teimosia. Também ficou chato para o Estado o adiamento por tempo indeterminado da reunião que buscaria uma solução para a crise no Colégio Estadual. Sob o argumento de que os estudantes aderiram à baderna, o Estado fechou as portas para o diálogo. Nos bastidores, contudo, comenta-se que a direção aposta na ameaça de não liberar o histórico dos alunos do 3.º ano para tentar frear as manifestações. O jogo é pesado.

Negativas

A diretora Madselva contesta todas as acusações e diz que não persegue ninguém. Entretanto, sua tese soa frágil, visto que tem sido difícil encontrar alguém do corpo escolar que a defenda publicamente, exceção feita aos aliados e indicados do poder.

Em apuros

Vale frisar que o problema do Colégio Estadual é secundário para a vida de Maurício Requião. Reside no Ministério Público, em particular na Promotoria de Defesa do Patrimônio Público, sua maior dor de cabeça. As investigações do órgão sobre a compra dos 22 mil televisores alaranjados em uma licitação suspeitíssima correm em altíssima velocidade. Conforme revelou uma fonte da coluna, trata-se de uma bomba.

Para pensar

A frase para reflexão deste sábado é de Adam Smith (1723-1790), considerado por muitos o mais importante teórico do liberalismo econômico: “O grande segredo da educação consiste em orientar a vaidade para os objetivos certos”.

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