terça-feira, 26 de agosto de 2008

Até quando II ?








Educação básica

Alunos do Estadual pedem intervenção
Estudantes e professores acusam diretora de autoritarismo e voltam a cobrar eleições diretas

Jornal Gazeta do Povo
Publicado em 26/08/2008 | Ana Carolina Bendlin

Passados mais de nove meses desde os primeiros protestos dos alunos contra a diretora Maria Madselva Ferreira Feiges, o clima de tensão continua no Colégio Estadual do Paraná (CEP). De acordo com alunos e professores, a diretora vem tomando atitudes autoritárias desde então. O grêmio estudantil protocolou na semana passada documento no Conselhor Estadual de Educação para pedir a intervenção do órgão na administração do colégio e a implantação de eleições diretas para escolha do diretor. “Queremos que o conselho tome alguma atitude, porque as ações dela já estão nos prejudicando”, explica o presidente do grêmio, Paulo Fortunato.

Para o presidente do órgão, Romes Gomes de Miranda, não há muita coisa a ser feita. “É preciso que haja uma lei para regulamentar as eleições diretas no colégio, mas a lei que existe deixa o CEP de fora, porque ele é tratado como autarquia”, argumenta. “A única coisa que podemos fazer é intermediar a conversa da comunidade escolar com a diretora para que haja uma mudança de postura.” Além disso, ele afirma que encaminhou o documento para ser analisado pela Secretaria de Estado da Educação (Seed), A reportagem procurou a Seed, mas não obteve retorno.

Já Maria Madselva não quis comentar o caso. Ela alega que não teve acesso ao documento, apesar de ouvir boatos a respeito dele nos corredores do colégio.

Conflito

Após um início de ano letivo tranqüilo, as reclamações dos estudantes voltaram a surgir em junho deste ano, quando o grêmio perdeu o direito de utilizar o circuito de rádio da escola para enviar comunicados aos alunos. A medida teria sido uma retaliação aos integrantes do grêmio, que teriam incitado uma manifestação no pátio da escola para exigir a recolocação de uma faixa pedindo eleições diretas. A faixa tinha sido colocada no auditório, onde ocorria um evento aberto ao público externo, mas foi retirada. “O rádio era a única forma de falar o que a gente acha que está errado porque ela nunca dá abertura para isso”, conta a aluna Kelly Portioli.

Depois disso, outras atitudes aumentaram ainda mais a revolta dos estudantes. “Ela ainda barrou a nossa tradicional festa junina, exigiu que o nosso jornal passe por análise de alguns professores antes de ser publicado e proibiu que os alunos atrasados entrem no colégio, mesmo que só tenham perdido a primeira aula”, reclama Fortunato. “A gente não pode chegar mais nem um minuto atrasado quando o ônibus não chega no horário”, completa o estudante João Paulo Somavilla.

A situação teria se agravado ainda mais com a notícia de que Madselva pediria a intervenção do Ministério Público para que os pais dos alunos fossem responsabilizados por atos de indisciplina dos filhos. “Ela falou isso para uma professora em particular e publicou um recado em um comunicado oficial, dizendo que os pais eram responsáveis pelas ações de seus filhos, quando soube que os alunos fariam um protesto, chegando atrasos na escola”, conta uma professora que preferiu não se identificar. “A minha esperança era de que com a troca de secretário também trocariam a nossa diretora ou implantassem as eleições diretas.”

No ano passado, nove professores foram alvo de processos administrativos na Seed por terem apoiado os alunos nos protestos. Entre eles, a professora Maria Luiza Lacerda foi afastada do colégio e atualmente dá aulas em outras duas escolas estaduais. “Tanto o meu processo quanto os dos outros professores estão parados na secretaria, mas enquanto ele não for finalizado, não posso voltar a dar aulas lá no CEP”, lamenta.

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