quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Carta sobre os novos processos contra professores

Curitiba, 15 de dezembro de 2007

Caros colegas, Professores e Funcionários,

Quando soubemos quem seria a nova Diretora Geral do Colégio Estadual do Paraná, tivemos uma grande esperança de que, enfim, teríamos uma gestão democrática na sua essência, independente de eleição ou não. Acreditávamos que a profª Madselva viria para fazer uma gestão de transição para a democracia, que seria uma passagem para um processo de eleições diretas para a escolha da direção. A profª Madeselva até chegou com este discurso, que aos poucos foi se transformando ao ponto de ela própria dizer “que nunca haveria eleições para Diretor Geral do Colégio Estadual do Paraná”, argumentando que o governo precisa de “alguém de confiança” para administrar uma instituição do porte do CEP, que recebe muitas verbas. Nas entrelinhas da fala da profª Madselva, ninguém, nenhum professor ou funcionário de nossa escola, seria “confiável” na visão do Governo do Estado. Mas nós, ao contrário, confiamos o nosso voto a este governo. A falta de confiança da diretora Madselva nos professores e funcionários se comprovou mais ainda com a sua forma de administrar: autoritária, unilateral. Não era o que esperávamos da parte de alguém que sempre se destacou por sua luta pela democracia na educação.

Nossa causa é justa: QUEREMOS DEMOCRACIA, algo que só se efetivará a partir da mudança da Lei 14231/2003 que atualmente impede que haja eleições diretas para a direção do Colégio Estadual do Paraná. Mas nossa luta é absolutamente injusta do ponto de vista da disparidade de forças, pois lutamos contra todo o aparato do Estado, que está sendo utilizado “com muita eficiência” pela profª Madselva que não tem medido esforços para se manter no poder: professores, funcionários sendo perseguidos, filmados pela P2 e processados administrativamente, difamados através da TV Paraná Educativa que tem mostrado apenas o lado do Governo. A profª Madselva diz que toda a nossa “revolta” é pelo fato de ela ter implantado o uso do livro ponto. A ela respondemos que o livro ponto do bom profissional é a sua aula dada.

Paulo Freire defende na sua Pedagogia do Oprimido a “ética que condena acusar por ouvir dizer, afirmar que alguém falou A sabendo que foi dito B, falsear a verdade, iludir o incauto, golpear o fraco e indefeso, soterrar o sonho e a utopia, prometer sabendo que não cumprirá a promessa, testemunhar mentirosamente, falar mal dos outros pelo gosto de falar mal”. Esta é a realidade na qual se baseiam os processos administrativos contra 10 (dez) professores, comprovadamente comprometidos com o ensino público de qualidade (Denílson, Elena e Cleusa – História; Malu, Camila, Dulce – Português; Geibe e Edilene – Química; Wanderley – Filosofia; Leisa – Geografia). Estamos indignados sim, mas com a falta de coerência de pessoas que teoricamente defendem a democracia, mas que têm uma prática muito distante de qualquer princípio que possa ser considerado propriamente democrático. Voltando a Paulo Freire, “posso não aceitar a concepção pedagógica deste ou daquela autora e devo inclusive expor aos alunos as razões por que me oponho a ela, mas o que não posso, na minha crítica, é mentir”.

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