terça-feira, 17 de março de 2009

A nova cara do CEP

No aniversário de 163 anos do Colégio Estadual do Paraná, a Direção inovou mais uma vez. Este Colégio, com larga história na educação, se esforçava por romper tradições obsoletas e avançar numa concepção de educação libertadora.

No entanto, apresentou para seus alunos e alunas, dos 1ºs e 2ºs anos, sem a presença dos 3ºs anos, um musical só com músicas norte-americanas, numa ampla demonstração de como fazer uma pedagogia colonialista e pasteurizada: meninas de shorts prateado curtissimo, rebolavam para a platéia aos moldes da “dança da garrafa” ou do “bonde do tigrão”.

Do “espetáculo” fizeram parte cenas em que, a certa altura, giraram um globo no palco e uma menina saiu de dentro, houve perfomances do Michael Jackson, etc... Podemos dizer que, tecnicamente era ótimo: para apresentar no Faustão, Gugu ou numa casa noturna...

Mas numa escola que comemorava seus 163 anos de existência, ficou vulgar e descontextualizado, funcionou como elemento de banalização do corpo feminino e publicidade do que a indústria cultural tem de pior. Ou ainda, como falaram alguns professores mais conscientes, foi uma apologia à alienação e à mercantilização: a cara do CEP hoje.

Houve também professores/as comentando que estava lindo, que isto está na sociedade, é assim mesmo. Então é essa a nova pedagogia disseminada no CEP? A pedagogia do conformismo e da adaptação à brutalidade desse mundo de consumismo e indiferença?

Então perguntamos: pra que escola? Pra corroborar o colonialismo de todos os tipos inclusive e sobretudo o cultural? Pra corroborar a desumanização da mulher? Pra corroborar a vulgaridade e a mediocridade? Pra justificar o que não nos propomos a mudar?

Mas muitos de nós ficamos indignados, atônitos diante dessa programação oferecida aos alunos e às ALUNAS! O que os meninos e meninas apreenderam disso? O Dia 8 de Março não ensinou nada para quem organizou essa programação.

Achamos que não podemos deixar passar. Ainda que em nome de alguns, pois hoje o CEP se notabiliza também pelo grande número de professores contrato PSS e Ordem de Serviço, cujos vínculos precários os deixam em situação de risco permanente de remoção e/ou desemprego. Outros, que já sabem que agradando a direção terão vida melhor, também preferem se proteger e não se manifestar, pra sofrer menos.

No mesmo CEP, dia 19 de Fevereiro, uma empresa privada que produz material apostilado, teve autorização para montar uma barraca no pátio do colégio para vender seus produtos, e a assessora da direção distribuía prospectos da referida empresa na sala dos/as professores/as... E na semana pedagógica, professores receberam as matrizes curriculares do Estado do Paraná numa pastinha dessa mesma conhecida empresa, acompanhada de uma canetinha. Ou seja, a lógica da mercantilização vem invadindo todos os espaços. Que chegasse à sala de aula portanto, não é de espantar.

Mas nos espantamos. E por isso manifestamos nossa indignação e nosso repúdio a essas práticas pedagógicas que vulgarizam a mulher, que desrespeitam nossa cultura e nossa história, e que só contribuem para desumanizar e alienar quando é tarefa da educação libertadora avançar do senso comum para uma consciência crítica, politizada e transformadora.

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