quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Documento encaminhado aos deputados estaduais e federais(lideranças), senadores, presidente da república e MEC

No dia 02/12/2008, houve uma reunião com os deputados da bancada do PT, na Assembléia Legislativa, em que foi entregue documento similar ao postado abaixo. No dia 08/12/08 foi encaminhado aos deputados dos outros partidos e será feito, com o apoio da APP Sindicato, um painel em que aparecerão os nomes daqueles que assinarem favoravelmente à nossa luta e daqueles que se recusarem a assinar ou se posicionarem contrariamente.

PEDIDO DE APOIO AOS DEPUTADOS ESTADUAIS DO PARANÁ PARA O MOVIMENTO PELA DEMOCRATIZAÇÃO DO COLÉGIO ESTADUAL DO PARANÁ



"As vontades fracas traduzem-se em discursos; as vontades fortes, em ações!"
(Gustave Le Bon)


Fatos ocorridos após a chegada da atual Diretora Geral:


1. Total falta de diálogo que se instalou a partir de decisões unilaterais da direção - (ex: aprovação POR DECRETO dos alunos, logo no início de 2007, passando por cima do trabalho sério realizado por professores e pedagogas ao longo de todo o ano de 2006 e ignorando as decisões tomadas em reunião de conselho de classe).
2. Imposição de uma filosofia educacional que barateou a educação de qualidade que o CEP sempre ofereceu, sob a alegação de tratar-se de “política pública”- (implantação velada de uma política de aprovação automática; volta da semestralidade com a implantação de blocos de conteúdos; excesso de permissividade a partir da total desestruturação do setor pedagógico que dava suporte ao trabalho dos professores, entre outros. Nunca, na história do CEP, até a chegada da nova diretora, a exigência em relação ao preenchimento do livro de registro de classe - que sempre foi preenchido cuidadosamente de acordo com a legislação vigente - foi maior que a preocupação com a qualidade das aulas).
3. Foram extintas as coordenações de disciplina, responsáveis pela busca de unidade do trabalho pedagógico que dava coesão às áreas do conhecimento, bem como às relações interdisciplinares.
4. Afastamento, via processo administrativo, dos professores que se posicionaram contrariamente às práticas arbitrárias - Opção pela coação ao invés do convencimento.
5. Afastamento de alguns profissionais, com excelentes qualificação e prática pedagógica, que trabalhavam no CEP com ordem de serviço, por terem se posicionado contra algumas deliberações da direção, ou simplesmente por não a terem apoiado – Dispensa feita por telefone, em janeiro de 2008, demonstrando total falta de consideração pelo excelente serviço prestado à comunidade do CEP (Professores, com mais de 27 anos de magistério, antes tão respeitados pela comunidade escolar, passaram a ser rotulados, apenas pela diretora geral, como incompetentes).
6. Constante assédio moral contra professores, funcionários e alunos - O grau de adoecimento de professores e funcionários é alarmante. A gestão da nova diretora gerou um ambiente em que predominam as represálias, o descrédito e o descontentamento geral. (O aluno Joel, um dos líderes do movimento pró-democracia do CEP em 2007, foi proibido de circular nas dependências do colégio, tendo sofrido ameaças por parte de funcionários da confiança da direção geral e impedido de fazer matrícula no curso de espanhol no centro de línguas).
7. Imposição do Ensino Fundamental - (Em 2005 houve uma plenária com professores e funcionários, na qual foi decidido, por mais de 90%, a não implantação do ensino fundamental, pois todo o investimento público em infra-estrutura para o Ensino Médio seria mal aproveitado - laboratórios de Química, Física, Biologia. Ou seja, o colegiado de professores/as e funcionários/as, que compõem esse colégio, foi ignorado. Além do que, a implantação do Ensino Fundamental beneficiaria principalmente alunos com um poder aquisitivo maior – aqueles que moram nas imediações do CEP e aqueles que têm condições de pagar transporte particular para irem à escola – pois as crianças mais carentes, que moram na periferia, não teriam condições financeiras de estudar no Colégio Estadual do Paraná. Além disso, tal medida limita o número de alunos que têm a oportunidade de estudar no CEP por ter como conseqüência a diminuição das vagas para menos da metade pelo fato de o tempo de permanência dos alunos, com o ensino fundamental, aumentar de 3 para 7 anos, no mínimo).
8. Extinção do teste seletivo - (O teste seletivo, apesar de todas as críticas que possam a ele ser feitas, estabelecia critérios objetivos e permitia uma maior transparência ao processo de seleção, na medida em que possibilitava aos candidatos terem acesso as suas respectivas notas, bem como às de seus concorrentes. A análise curricular, e outros critérios subjetivos, método adotado pela atual direção para os alunos do próximo ano letivo, torna o processo menos transparente e passível de escolhas baseadas em critérios subjetivos - ideológicos, laços de amizade, indicações políticas de parlamentares e/ou outras autoridades, ou mesmo, parentesco -, contrariando os princípios da democracia).

O que reivindicamos:

1. Arquivamento dos processos administrativos.
2. Retorno de todos os professores afastados pela Diretora Geral em 2007 e 2008.
3. Gestão democrática DE FATO e não apenas como DISCURSO ideológico.
4. Retorno das coordenações de disciplina.
5. Apoio em relação ao Projeto de Lei de Eleições Diretas no CEP.

Pedimos, portanto, apenas a coerência dos Deputados do Estado do Paraná com os princípios da democracia, pois fazemos questão de não esquecer o que a própria Madselva escreveu em passado recente:



“A eleição de diretor de escola constitui um momento privilegiado para reflexão coletiva e enfrentamento ao projeto neoliberal de sociedade e de educação que reforça os processos de exclusão e de desumanização a que a população vem sendo submetida fora e, muitas vezes, dentro da escola... o diretor tem um papel relevante na condução da autonomia responsável que experimenta saberes e transgride o velho estilo de gestão, criando coletivamente formas de garantir direitos, de humanizar as relações, os tempos e os espaços pedagógicos, porque todo lugar de criança e adolescente TEM QUE SER HUMANO, SEM SEGREGAÇÃO, ONDE O ATO DE EDUCAR SEJA UM FAZER ÉTICO, SOLIDÁRIO, ESCULPIDO COM A DIGNIDADE DO SER HUMANO E DO MUNDO” (FEIGES, Maria Madselva F. O projeto Político-Pedagógico e a eleição de diretores de escola: limites e possibilidades da gestão democrática. Maringá: SME, Caderno temático I, 2003).

Nós, professores/as e funcionários/as do Colégio Estadual do Paraná, com o apoio de alunos/as e pais, vimos manifestar nosso compromisso com uma educação de qualidade, que sempre destacou esta instituição de ensino, pela qual passaram diversos segmentos da sociedade paranaense, como comprovam muitas pesquisas nacionais. Destacamos que nosso compromisso político, social e cultural é com a formação dos jovens a nós confiados. Queremos o retorno do ambiente profissional e pedagógico que tínhamos até o final 2006, um colégio em que funcionários/as, corpo docente, alunos/as e pais cumpriam seus papéis numa relação profissional e educacional marcada pelo respeito, pela convivência fraterna e solidária. Havia disputas políticas como em qualquer espaço humano, mas o debate democrático e o respeito sempre predominaram, sem que nunca fôssemos alvos de ataques, inclusive pela mídia ou por órgãos oficiais, como temos presenciado com a gestão atual.
Curitiba, 02 de dezembro de 2008

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